terça-feira, 16 de agosto de 2011

Todos os dias o caos no trâsito

O congestionamento que se forma todos os dias na saída do Complexo de Suape no final do expediente serve como termômetro para medir o vigor econômico da região, ao mesmo tempo que escancara a falta de planejamento público. Sem transporte de massa eficiente até o porto, as empresas são obrigadas a fretar ônibus para garantir a mobilidade de seus funcionários. O resultado do despreparo são 1,2 mil ônibus circulando, diariamente, ao lado de 6 mil caminhões e 3 mil carros de passeio.

Na BR-101 e na PE-60, principais rodovias de acesso ao maior polo de investimentos do Brasil, os motoristas precisam fazer um bailado com os carros para driblar os buracos. As horas perdidas no trânsito para ir e voltar de Suape fazem a jornada indireta de trabalho esticar. A saída muitas vezes é usar rotas alternativas, como a Ponte do Paiva (onde é preciso pagar pedágio). Pelos cálculos do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o movimento de veículos na região de Suape multiplicou por três nos últimos dez anos, passando de 15 mil para 50 mil por dia. Só entrando e saindo do complexo, diariamente, são 10,2 mil veículos.

O movimento também tumultua o trânsito dentro das cidades vizinhas ao porto. "Precisamos reforçar o trabalho da Guarda Municipal, principalmente nos horários em que os operários desembarcam", diz o secretário de Defesa Social do Cabo de Santo Agostinho, Luís Lima Filho, fazendo referência às filas de ônibus que se formam nas ruas de vários bairros.

A falta de transporte público na região deixa numa situação de vulnerabilidade as empresas que dependem de fretamento. Em maio, os motoristas de ônibus das companhias de transporte terceirizado ameaçaram uma greve que, caso fosse confirmada, deixaria praticamente vazios os canteiros de obras da Refinaria Abreu e Lima e da PetroquímicaSuape. Se os 38 mil funcionários dos dois empreendimentos tivessem que chegar a Suape usando ônibus, metrô ou trem, provocariam um colapso no sistema de transporte atual, despreparado para essa demanda. Hoje, apenas uma linha de ônibus entra no Porto de Suape e 74% dos trabalhadores concentram sua chegada no horário entre as 6h e as 7h.

Os avanços andam em marcha lenta no transporte ferroviário. Desde outubro do ano passado, espera-se a entrada em operação da primeira das sete composições do veículo leve sobre trilhos (VLT), que vai substituir o combalido trem a diesel. O trenzinho passa com intervalos de 47 minutos, não é climatizado, faz longas paradas ao longo do percurso e demora 25 minutos na estação antes da partida. Na diretoria de Suape, começa a sair do plano das ideias um projeto de recuperação da estação de trem de Massangana, que foi construída em 1982, mas está desativada. A proposta é ter uma linha de VLT ligando a estação do Cabo ao porto. Em junho foi assinada uma autorização para realizar o projeto executivo.

O vice-presidente de Suape, Frederico Amâncio, afirma que estão sendo realizados investimentos para preparar a infraestrutura viária do porto para os próximos 20 anos. "Além da duplicação das vias internas, estamos duplicando parte da PE-60 e construindo a Express Way", diz, calculando um aporte da ordem de R$ 385,8 milhões. A estrada vai permitir o transporte pesado de cargas na região e liberar outras rodovias para o acesso ao Litoral Sul do Estado, uma das reivindicações do trade turístico.

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