terça-feira, 16 de agosto de 2011

Prostitutas vêm de vários estados

do JC
"Mulher é luxo aqui na área de Suape." A frase de uma garota de programa de Ipojuca resume o que acontece hoje no negócio da prostituição, depois que 38 mil homens passaram a morar e circular na região. Assim como os trabalhadores, as prostitutas chegam de vários lugares, em busca de oportunidade no eldorado pernambucano. Nos últimos dois anos, os bordéis se multiplicaram, muitos deles sob a fachada de botecos.

O Recanto Feliz é o prostíbulo mais badalado de Suape. Fica espremido entre fábricas situadas na BR-101 Sul, quase no começo da PE-60, no Cabo. Quem coloca os pés no local custa a acreditar que está no bordel conhecido como um dos mais rentáveis do Nordeste para as prostitutas. O chão é de cimento batido. Galinhas, gatos e cachorros transitam entre os clientes. Para chegar até lá é preciso pegar uma estrada de barro mal iluminada. No muro, uma mensagem permite inferir o ofício praticado no estabelecimento: "Proibida a entrada de menores de 18 anos".

Prostitutas de outros Estados e de várias cidades pernambucanas, sobretudo do interior, vão faturar no local. Todas atraídas pela explosão demográfica masculina em Suape. O lugar funciona das 11h às 23h, obedecendo aos turnos dos operários. Os que trabalham pela manhã aparecem logo depois do almoço, por volta das 13h. Outro horário de maior movimento é por volta das 20h, depois que larga o turno da noite.

Na parte da frente funciona um bar, que vende bebidas e refeições com pagamento adiantado. Das mesas dá para ver as portas dos quartos fechadas. Para ficar com as meninas, os clientes precisam pagar R$ 50 pelo programa, além de R$ 23 pelo aluguel do quarto com ar-condicionado ou R$ 12 para um com ventilador.

 
Com a rápida expansão de Suape, o Recanto Feliz passou a ser o melhor endereço para as prostitutas. "Me disseram que aqui é o lugar para ganhar dinheiro. É isso o que quero. Dinheiro", diz Marília*, de 24 anos, que decidiu ser garota de programa há três anos para garantir sua independência financeira. Ela diz que vai passar mais três anos nessa vida até conseguir quitar o apartamento que comprou em Natal, sua terra de origem. Com rosto de menina, Karina* parece ser menor de idade, mas afirma ter 19 anos. Diz que começou a vida sexual aos 13 anos e engravidou aos 15. O filho está com 3 anos e fica com a avó em Caruaru, onde mora. "Passo a semana dormindo aqui e digo a minha mãe e meu namorado que estou trabalhando no Recife." Passando-se por um casal de namorados, a repórter e o fotógrafo do JC convidam Karina* para um programa a três. Ela hesita um pouco, alegando que não costuma sair da casa com desconhecidos, mas marca o encontro para quando terminar o expediente. Cobra R$ 150 pela saída, que não se concretiza.

Além do Recanto Feliz, outros locais funcionam como ponto de prostituição. O Bar da Galega está há dez anos na entrada de Ipojuca. Fica na garagem de uma casa com primeiro andar. Quando a reportagem do JC, sem se identificar, pergunta o que funciona no andar de cima, um frequentador diz que são os quartos onde as garotas fazem programa. O cenário se repete no Bar das Morenas, também em Ipojuca. As casas de prostituição estão proibidas no Cabo e em Ipojuca, mas representantes das prefeituras e autoridades policiais admitem saber onde elas estão e até quem são seus donos.

 
* Todos os nomes são fictícios

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