É com saudosismo de um passado recente, que os moradores do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca falam das transformações no cotidiano das duas cidades. "Aqui era um lugar pacato. A gente conhecia todo mundo. Saíamos à tarde para conversar na calçada de casa. Agora não conhecemos mais ninguém. Chegaram esses homens com palavreado diferente e tomaram os bairros, as praias. A cidade virou dormitório de Suape". No desabafo comum aos nativos, os homens de sotaque são os operários que migraram de todos os Estados do Brasil para trabalhar na construção de empreendimentos como a Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e a PetroquímicaSuape (PQS).
Sem mão de obra qualificada na área de montagem, Pernambuco precisou importar boa parte do operariado, provocando o surgimento de uma "minicidade" na região de Suape. Hoje, 38 mil peões trabalham nas obras da refinaria e da petroquímica. O número representa quase metade da população de Ipojuca (veja arte). Essa "minicidade" ainda vai crescer quando a Rnest alcançar o pico da construção, em outubro, totalizando 28 mil funcionários.
Do total de operários das duas obras, 35% (13,3 mil pessoas) vieram de outros Estados e estão alojados nos municípios vizinhos ao complexo, principalmente no Cabo e em Ipojuca. A eles ainda se juntam os pernambucanos que moram em municípios do interior e também precisam se instalar na vizinhança de Suape. Só os alojamentos somam quase 10 mil vagas. Isso sem falar nas repúblicas espalhadas por casas e pousadas alugadas. Além desses 38 mil homens, outros 20 mil trabalham nas indústrias e empresas de serviços já implantadas no complexo.
Forjadas na cultura da cana-de açúcar, Ipojuca e Cabo viveram a transição para uma economia industrial, com a implantação do Complexo de Suape, há três décadas. Mas é só agora, com a enxurrada a um só tempo de US$ 22 bilhões em empreendimentos até 2014, que os impactos se sobressaem. O Brasil volta os olhos para Pernambuco. Aqui está o novo, o platô do desenvolvimento econômico que estimula uma espécie de corrida do ouro, como aconteceu em Serra Pelada, no Pará, na década de 80. Lá o saldo foi de favelização, baixos indicadores sociais e degradação ambiental.
Pernambuco e Rondônia (com a construção das hidrelétricas do Rio Madeira) são hoje os Estados com maior onda migratória no País, por conta das obras do Programa de Aceleração do Crescimento. A diferença é que, historicamente, Porto Velho viveu os ciclos da borracha e do garimpo, enquanto a tradição pernambucana sempre foi de exportar trabalhadores para outras regiões do Brasil.
O carpinteiro alagoano Josemar Elísio da Silva realça essa onda migratória de retorno ao Nordeste. Com apenas 23 anos, já trabalhou no Espírito Santo, Rio e Minas. "Agora estou bem mais perto de casa. Quero trabalhar, juntar dinheiro e levar para minha família, em Delmiro Gouveia", diz. Dividindo um quarto de 18m² no alojamento da Odebrecht com outros cinco conterrâneos, ele foi contratado para a obra da petroquímica em maio.
Se por um lado os municípios do Cabo e de Ipojuca comemoram o momento de ebulição na economia, por outro, precisam conviver com as dores do crescimento. O batalhão de operários que chegou com as indústrias fez explodir as demandas sociais. O déficit habitacional que já existia na região vai duplicar. As cidades não têm sistema de água e esgoto para suportar população equivalente a um novo município. Invasões se multiplicam, inclusive em áreas de preservação ambiental. O trânsito beira o caos. Bancos e postos de saúde estão sempre lotados. O consumo de drogas e de álcool explodiu. Prostituição e exploração sexual de menores crescem em ritmo galopante. "A necessidade de investimentos sociais e em infraestrutura surge numa velocidade que o poder público não consegue acompanhar", assinala a secretária de Planejamento e Meio Ambiente do Cabo, Vera Tenório. A preocupação é compartilhada pela assessora especial da Prefeitura de Ipojuca, Simone Osias. "Os municípios do entorno de Suape precisam se unir e conclamar o governo do Estado e as empresas para avaliar o que pode ser feito para minimizar os impactos negativos e planejar esse crescimento", defende.
FOI IMPORTANTE OS INVESTIMENTOS GEROU MAIS EMPREGO E RENDA EM CONTRA PARTIDA FICOU TUDO RUIM O SERVIÇOS DOS BANCOS AS FILAS AUMENTARAM O TRÃNSITO DA CIDADE ESTÁ CAÓTICO A SAÚDE QUE JÁ ERA PRECÁRIA FICOU PIOR AINDA O QUE ME DEIXA MAIS INDIGNADO É QUE A PROSTITUIÇÃO INFANTIL AUMENTOU MUITO MENINAS DE MENOR IDADE FICAM SE PROSTITUINDO NOS CALÇADÕES DE GAIBÚ E SEM FALAR QUE ESTE PESSOAL COM OS SEUS COSTUMES BAIXOS FICAM ACHANDO QUE É DONO DA CIDADE SOLTANDO PIADAS PARA SENHORAS CASADAS EN FIM SÓ AUMENTARAM OS PROBLEMAS DA CIDADE.
ResponderExcluirNa minha opinião o crescimento econômico deve vir aliado com a responsabilidade social, cultural e ambiental, tanto por parte do Setor Público(Municípios e Estado), como das empresas que aqui se instalam.Toda mudança e crescimento traz consigo não só as rosas, os espinhos também. Conforme já mencionado na matéria, se por um lado houve um estouro na geração de emprego e renda, por outro, é óbvio, as mazelas sociais viriam junto. A sociedade e o poder púbico dos Municípios atingidos devem sim estar aliados no enfrentamento às drogas, prostituição, entre outros. Mas temos que ter muito cuidado no trato com as pessoas que migram para nossos municípios, lembrando que durante um tempo também migramos para grandes cidades em busca de melhores condições de vida, de ganhar dinheiro,e até hoje sofremos a discriminação por parte de alguns estados, por muito tempo fomos "Os Retirantes".
ResponderExcluirChegou onde eu queria.
ResponderExcluirNão avisei?
Vamos morrer afogados em dinheiro (que não veremos, com sede, sem ter um copo d'água para comprar) cercado por pessoas que mudaram de vida (financeira) tão abruptamente que se acham capazes de distorcer tudo.
Como disse: Morávamos às portas do inferno, vítimas de nossas péssimas escolhas na direção da nossa cidade, manipulados por grupos cujo único objetivo é conseguir, ter e se manter no poder.
Quando uma prefeitura calça uma rua é como se estivesse fazendo um favor, mas, quais de nos sabe quanto gastam com cafezinhos, gasolina, propaganda (desejos de feliz aniversário a correligionários) na câmara?
Qual o valor real pago por uma obra?
Não!
Mas todos eles têm a língua afiada, quando estão fora do poder criticam os que estão dentro, quando estão dentro fazem as mesmas merdas.
E o povo, ah o povo!
Elege, reelege!
Sabe quem são os mais processados e sobre esses despeja quantidades enormes de votos, dão o aval para continuarem metendo a mão no dinheiro que seria para fazer; escolas, postos médicos, comprar ambulâncias, propiciar vida melhor para todos.
Esta apenas começando, o BUM, a explosão demográfica desordenada esta apenas começando e suas conseqüências ainda são imprevisíveis, aguardem!
Por isso sempre defendi que nos primeiros dez anos todo ICMS gerado por SUAPE deva ser repartido entre Ipojuca e Cabo, depois ai sim poderia se dividido entre mais municípios sempre partindo dos mais próximos aos mais distantes.
Mas nossos gestores, gênios da divisão sabem o que fazem, nós, estaremos aqui para sofrer por seus erros.