segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Muita gente para pouca moradia

Jornal do Comercio

Juntos, os municípios do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca abrigam uma população que beira os 270 mil habitantes. Isso sem contar com os operários forasteiros vivendo na região. Falta casa pra tanta gente. A agência de planejamento de Pernambuco, Condepe/Fidem, estima um déficit habitacional de 35 mil residências nos cinco municípios vizinhos do Complexo de Suape. Com a efervescência econômica da região, esse número deverá saltar para 85 mil até 2035. A escassez de moradias e uma inflação imobiliária desenfreada fez proliferar as invasões de terra.

Os terrenos públicos são o principal alvo, colocando em xeque a capacidade do Estado e das prefeituras de coibir a construção de casas, que "brotam" numa velocidade espantosa na região. Barracos e casebres surgem até em áreas de preservação ambiental e patrimônio histórico. A reportagem do JC acompanhou o aparecimento de uma invasão na comunidade de C.Povo, no Cabo. Em março, os barracos de lona apareceram num terreno em frente à Igreja Batista da comunidade. Um mês depois, os ocupantes já haviam erguido casas de alvenaria.

"Eu e meu marido estamos desempregados. Vivo de fazer bicos, vendendo coxinha ou trabalhando como ajudante de cozinha. Temos quatro filhos pra criar. Depois que veio esse monte de gente trabalhar em Suape, os aluguéis subiram demais. A gente pagava R$ 300 numa casa de dois quartos, que hoje custa R$ 500. Não dá pra pagar, por isso construímos aqui", diz Cícera Lourenço da Silva. O poder público demorou três meses para retirar a ocupação de 12 casas, derrubada em junho. Agora, Cícera alugou por R$ 300 uma casa de um quarto, que abriga hoje nove pessoas da família.

O problema reverbera dentro dos terrenos do Complexo de Suape. O vice-presidente do porto, Frederico Amâncio, diz que o Plano Diretor apontou para a existência de 25 mil pessoas vivendo nos domínios de Suape. "Estamos avaliando o projeto de construir 2.600 casas com recursos do programa Minha Casa, Minha Vida para abrigar os posseiros que serão retirados de áreas consideradas estratégicas para o porto", afirma. A previsão é investir R$ 200 milhões nesse Projeto Morador, que se arrasta desde o início da primeira gestão do governador Eduardo Campos. Do lado da iniciativa privada, o Estaleiro Atlântico Sul está concluindo a construção de uma Vila Operária com 1.328 casas para seus funcionários.

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