quarta-feira, 7 de maio de 2014

A MEXICANIZAÇÃO DE PERNAMBUCO


Artigo:
DOUGLAS MENEZES

 Já se foi o tempo em que o Pernambuco assistia as forças políticas debaterem idéias e preservando suas respectivas identidades. Os políticos tinham lado e faziam questão de estabelecer as diferenças entre as forças antagônicas. Era uma escola de cidadania, composta de pessoas íntegras que não abriam mão de uma postura ideológica própria, seja da direita ou da esquerda. E por isso, forjou-se uma geração de pessoas politizadas e com nitidez de pensamento. Havia uma participação intensa da sociedade pernambucana, os embates apaixonados atestavam isso, e tivemos,décadas atrás, uma juventude que participava das atividades políticas, sendo espelho para toda a nação. Na verdade, nossos políticos, claro, não todos, eram verdadeiros professores de cidadania e de linha política.

 Infelizmente, esse tempo passou em Pernambuco. A identidade de pensamento deu lugar a um pragmatismo amorfo e, principalmente, negativo, pois fez da política um samba do criolo doido, um ajuntamento que joga aos olhos do povo uma visão meramente oportunista. Todo mundo quer ser aliado do partido do presidenciável, E aí, não vai nenhuma crítica ao caráter nem à personalidade de ninguém, mas é uma incoerência sem tamanho, o DEM, adversário secular do PSB, PC do B, enfim, das chamadas forças de esquerda, se tornar um aliado incondicional do partido do ex governador.

 A correria desordenada, desabalada para o palanque governista aqui em Pernambuco, empobrece, sobremaneira, o fazer político e nos leva a temer, com certeza, a mexicanização de nossa política, onde um só partido domina e os outros seguem como apenas satélites da agremiação hegemônica. Os ditos independentes deixam de sê-lo, para dar lugar a uma adesão despolitizada, como se fazer política fosse uma ação alienada, desprovida de conteúdo mínimo de idéias.

 Todo dia surgem novos aliados do PSB, muitos apenas querendo abrigo à sombra do poder, numa subserviência que rompe a tradição altiva de Pernambuco. E não fosse a candidatura do senador, PTB e PT, no sentido de criar um palanque para a presidente Dilma, teríamos uma eleição pro forma, uma homologação tão somente. Como se o rei dissesse: o poste é meu sucessor, e todos aceitassem cordeiramente, sem o mínimo de contestação, numa ausência de debate que só faz mal à democracia brasileira, tão ainda carente de uma firme consolidação. O México é aqui.



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