terça-feira, 2 de agosto de 2011

Suape deve passar por nova greve



Operários fazem assembleia e podem suspender obras do Complexo amanhã
TATIANA NOTARO

CATEGORIA se reuniu, ontem, em canteiro de obras no complexo portuário

Os cerca de 34 mil operários das obras de construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e da PetroquímicaSuape estão há 15 dias em negociação de data-base com as empresas responsáveis pelos empreendimentos e ontem, após assembleia em um dos canteiros no Complexo Industrial Portuário de Suape, ficaram em “estado de assembleia permanente” e não trabalharam. Hoje, reúnem-se novamente para ouvir do Sindicato dos Trabalhadores na Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplenagem em Geral de Pernambuco (Sintepav-PE) a contraproposta apresentada pelo Sindicato das Indústrias da Construção Pesada (Sincon), representante patronal: R$ 180 (reajuste de 11%, em cima dos R$ 160 atuais), 10% de reajuste salarial e passagens aéreas para trabalhadores que residem a mais de mil quilômetros de distância das obras.

Poderia ser um meio termo, mas o presidente do Sintepav, Aldo Amaral, acredita que as propostas não serão aprovadas e já há ameaças que a categoria entre em greve. Os trabalhadores reivindicam aumento de 15% e que a cesta básica chegue a R$ 300. Além disso, querem folga de campo de cinco dias a cada 90 dias de trabalho (substituindo as folgas de cinco dias a cada 120 de trabalho). Outro impasse é o desconto dos dias parados na greve anterior, finalizada em 29 de março, autorizado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-5), que julgou o movimento ilegal.

Após reunião na tarde de ontem, Amaral considerou haver um “pequeno avanço”, mas já afirmava que a categoria esperasse propostas maiores. Sobre as chances da greve começar amanhã, o presidente do Sintepav justificou que as negociações já acontecem há 15 dias e é preciso “apertar os patrões”. O lado patronal se disse “surpreso” com a paralisação de ontem. “Estamos em negociação e somos surpreendidos por essa greve”, disse a advogada do Sinicon, Margareth Rubem - para as empresas, disse, o “estado de assembleia” é uma paralisação “mascarada”, já que não houve expediente ontem em nenhuma das obras. “Em julho de 2010, a cesta básica era de R$ 25 e foi reajustada para R$ 160 em março. É um aumento de 540%. Agora, eles querem que vá para R$ 300”, avaliou a advogada.

Quando o TRT-5 considerou ilegal a greve da categoria, autorizou o desconto imediato dos dias parados e concedeu as reivindicações dos trabalhadores, que pediam R$ 160 de cesta básica e pagamento de 100% do valor das horas extras em expedientes aos sábados. Já naquela ocasião, o Sintepav declarava que tentaria negociar o abono. Cumprindo a determinação do TRT, as empresas têm feito os descontos, “sempre nas rescisões de contrato”, segundo a advogada. A greve anterior, a maior da história de Pernambuco, teve 45 dias de negociações, intervenções de instituições classistas nacionais e do Ministério Público do Trabalho.

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