Membro da Academia de Letras Cabense foi vítima da violêcia que assola nossa cidade

AS BOAS VINDAS PARA NIÑA

Vou relatar aqui um fato acontecido sexta feira, dia 01 de julho/2011, vivido por mim e minha família. Antes, porém, antecipo o final: foi feliz e que portanto, me dá a oportunidade de poder de próprio punho aqui descrevê-lo. Não sou afeito a compartilhar os meus dramas, a não ser aqueles terapêutica e socialmente recomendados, como acredito ser o caso. E esse em especial, por ser assunto mais que debatido nos últimos dias em nossa cidade, a violência.

Estávamos realizando pela Academia Cabense de Letras , na Câmara de Vereadores do Cabo, mais uma palestra do Projeto Sexta de Letras, eu e o confrade Ivan Marinho, além de várias e riquíssimas intervenções, falávamos sobre OS IMPACTOS DO CRESCIMENTO SOBRE A CULTURA REGIONAL. Fui o último a sair do espaço, acredito que por volta das 22h, ao meu lado no carro minha esposa e minha filha Niña Luna de apenas 5 meses de idade.

Indo em direção a BR 101, seguindo pela rua paralela ao Detran, na esquina da Loja Casa Neto fomos abordados por uma rapaz que de arma em punho em nossa direção,loucamente gritava: PERDEU! PERDEU! PERDEU! Não sei se por inspiração divina ou simples ação do meu instinto de sobrevivência, tentando salvar a mim e a minha família, reagi engatando a marcha primeira no carro ( o que não aconselho seja feito por ninguém....Mas se arrependimento, mesmo assim eu ainda estaria vivo..rs) , com o qual saí com grande arrancada e fiquei esperando o estampido da arma de fogo.Graças a Deus não veio, talvez pela sorte de no momento esta passando um carro que trafegava na Avenida Getúlio Vargas, via em que eu esperava transitar, logo após aquela paradinha básica para trocar de faixa.

Saindo daquele “acoxo” liguei para o vereador Ricardinho que participou do debate, e que tinha saído rapidamente atendendo a uma chamado, visto que a Unidade Mista estava num clima infernal, inclusive com registros de violência também. Dado o estado de choque em que ficamos, não tive condições de ir até a Delegacia, o que foi feito pelo vereador e pelo jornalista Wilson que o acompanhava, lá foram informados que um outro carro, um celta preto, havia sido também abordado no mesmo lugar.

Depois de uma noite mal dormida, não só a minha, mas até a de Niña, mas não menos satisfatória como todas as outras em que sempre agradeço a Deus por mais um dia ainda por aqui, acordei pensando na pureza e Niña e sua incompreensão óbvia do que havia ocorrido, que pelo choro da mãe, também ficou assustada, mas que ao chegar em casa abriu, como sempre

, seu confortante sorriso, como quem quisesse dizer que a vida continuava.

- Pois é Niña, seja bem vinda ao crescimento econômico, tomara quando você já estiver dirigindo, as nossas ruas estejam mais iluminadas, policiais sejam vistos circulando, delegacias após uma queixa de assalto, envie policiais ao local do crime para evitar que outros passem pela mesma situação, e sobretudo Niña , que Deus continue abençoando a sua vida. Você com apenas 5 meses de existência, já é testemunha daquilo que vem inquietando à todos nós, o crescimento da violência no Cabo de Santo Agostinho e seus impactos culturais.

Jairo Lima