segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Idosa completa 108 anos no Abrigo São Francisco de Assis

 
As recordações de Vó andam ao sabor do tempo. Por instantes, estão carregadas de cenas de menina pobre, nascida no Agreste pernambucano. Noutros, de dias alegres em Olinda. Entre eles, lapsos de memória. Pudera. Vó, como é conhecida Maria José dos Santos, teve o privilégio de alcançar 108 anos com uma alegria de levantar o ânimo de quem a encontra no Abrigo São Francisco, no Cabo de Santo Agostinho. Ali, ela divide um quarto gigante - de chão limpo, móveis simples e luz tênue - com outras 11 senhoras. Nenhuma tem menos de 60 anos.

Idade provoca confusão na cabeça dessa mulher de Garanhuns, como atesta a carteira de identidade. Mas na gangorra de suas memórias, Garanhuns cede canto para Jaqueira, na Mata Sul. “Sou de Jaqueira do Pirangi”, fala. E repete. O Pirangi de suas lembranças é um rio caudaloso. Jaqueira, por sua vez, é lugar pequeno. Diminuto de tal forma que, ao nascer Maria José, era um povoado acanhado. A diferença de idade entre os dois é de um ano. Jaqueira surgiu em 1904. Vó veio depois. Parida filha única de Joventina Lucinda dos Santos e João Francisco da Silva em 2 de maio de 1905.

Se Jaqueira é mesmo a terra natural de Vó, não se sabe. Todos que ocuparam espaços em sua vida de criança e jovem desapareceram. Ninguém restou. A mãe e os dois filhos de Maria José, que teriam sido “os amores de mãe Joventina”, morreram há décadas. O pai João “partiu” antes. Devem estar ao lado de Nossa Senhora no céu, acredita. O céu é lugar de santidade para a senhora de 108. Lá, completa, “tem duas santas: a mãe de Jesus e a minha mãe”.

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